Como a tecnologia está a mudar o setor de food service?

Como a tecnologia está a mudar o setor de food service?

No último painel do FoodBiz 2019 debateu-se o papel da tecnologia no contexto atual e futuro do setor de food service.

As vantagens da tecnologia são inúmeras e já estão a mudar a forma como interagimos com o mundo e, principalmente, como o mundo interage connosco. No setor de food service, a tecnologia é usada na maximização de vendas e eficiência no atendimento, mas estará a restauração em Portugal preparada para o novo comportamento de compra do cliente? Qual a perspetiva dos consumidores em relação à tecnologia neste setor?

As respostas para estas perguntas foram dadas no último tema do FoodBiz 2019 “Tech Trends: como capitalizar o kit tecnológico para aumentar vendas e eficiência”, primeiro através de uma breve apresentação feita pelo moderador e partner do IMR, Marcos Henriques sobre as tendências da tecnologia na restauração, e depois por um debate que reuniu Paulo Antunes, Diretor Comercial & Country Sales Manager da Xopvision e Tiago Santos Pereira, Diretor-Geral Amoreiras Shopping Center.

Marcos Henriques começou por mostrar que, segundo um estudo da Associação Nacional de Restaurantes Americanos, cerca de 37%   dos restaurantes acreditam que a principal área de desenvolvimento da tecnologia está relacionada com o “pedido”. O orador apresentou dois vídeos, o primeiro de um restaurante tecnológico no Japão, o Break Café, e outro relacionado com a utilização da realidade aumentada no pedido, para exemplificar como serão os restaurantes no futuro.

O primeiro restaurante virtual ou também chamado “restaurante fantasma” em Portugal chama-se Savage by Olivier e abriu recentemente em Lisboa. Não existe um espaço físico, apenas a cozinha, e a única forma de encomendar comida é através do Uber Eats. O partner do IMR considera que “este conceito vai ser uma tendência derivada das alterações que estão a acontecer por causa da tecnologia”. Assim como o delivery via drones, que para ele “tem a vantagem de não ficar parado nas filas de trânsito e de entregar na varanda de um prédio. O único entrave é a questão legal”, explicou o orador.

Outra componente abordada, que também é considerada uma tendência, está relacionada com os dados e com a questão artificial. Os dados adquiridos através das aplicações ou outras plataformas podem ajudar a melhorar o negócio e a gerar mais receitas. Com a informação adquirida pela inteligência artificial, as marcas podem prever o que vai ser mais procurado no futuro e pode gerir o negócio nesse sentido, como ajustar a oferta e os preços de acordo com as preferências dos consumidores.

Sobre a robotização, Marcos Henriques deu um exemplo de um restaurante que atualmente usa robots para preparar hambúrgueres e de uma máquina que prepara e vende saladas frescas.

Uma colaboradora da Bonduelle presente no evento, anunciou que a marca fez uma parceria com a Sally e vai introduzir brevemente estas máquinas na Europa.

O que pretendem os consumidores?

Segundo o estudo do IMR apresentado pelo moderador, os consumidores esperam que a tecnologia traga essencialmente preços mais baixos, mais rapidez no serviço e novos conceitos, nomeadamente os millennials.
Para ambos, a sua satisfação aumentará principalmente através de ementas digitais, sendo que os millennials também destacaram a contribuição das mesas interativas para fazer pedidos e dos pagamentos através de smartphones para melhorar a sua experiência. Já os inquiridos com mais de 40 anos consideram as aplicações móveis para efetuar encomendas e para fazer reservas como um fator importante para que no futuro se sintam mais satisfeitos.

Quase 50%   dos consumidores têm apps de reserva de restaurantes instaladas no smarphone ou tablet e quase 60% usaram-nas na última semana. Para os utilizadores millennnials as suas vantagens estão relacionadas com descontos e com a perceção da qualidade pela pontuação e comentários. Para os mais velhos, para além dos descontos, as aplicações também são importantes para conseguir mesa.

A Google é a principal fonte de recomendação de restaurantes, mas a opinião dos amigos e familiares ainda tem muita relevância.

Nos meios de pagamento, as mudanças ainda não são relevantes, a maioria paga com multibanco e dinheiro.
O orador referiu a também importância dos robots de cozinha nas famílias portuguesas, mas salientou que na restauração, os robots ainda estão muito distantes porque os consumidores não percebem as vantagens desta tecnologia. Até a geração Z reconhece ao humano maior capacidade de prestar um melhor atendimento do que um robot. Apesar disso, reconhece que serão as novas gerações os facilitadores da aceitação de robots como prestadores de serviço na restauração, essencialmente no serviço à mesa, a receber o pedido, e na receção do pagamento.

Xopvision – Uma revolução na forma de comunicar produtos e serviços

Paulo Antunes, Diretor Comercial & Country Sales Manager da Xopvison, começou o debate com uma breve apresentação do seu produto. Segundo o orador, a Xopvision é uma plataforma para administração de conteúdos de Sinalética Digital. Alojada na nuvem, permite administrar monitores e conteúdos de uma forma mais fácil e intuitiva através da aplicação web (SaaS – software as a service), sem que seja necessária a instalação de software ou aplicações no PC.

“A sinalética digital é, cada vez mais vista como uma solução potente, interativa e dinâmica. Muito mais que uma televisão com um vídeo a passar, é um conceito que nos permite conectar com os consumidores de uma forma muito mais eficaz”, explicou.

A tecnologia Xopvision foi distinguida com um prémio internacional no concurso promovido pelo Creative Industries Network of Entrepreneur no ano de 2015.
Sobre o mercado da sinalética digital na Europa, Paulo Antunes considera que deverá crescer até aos €22 biliões este ano, especialmente em áreas como o retalho, educação, serviços bancários, corporativos e saúde.

As vantagens deste produto são inúmeras: poupa tempo, pois publica mensagens e automatiza informação em poucos segundos; poupa dinheiro, na medida em que não há gastos com impressão e informa de uma maneira contínua; as mensagens são mais criativas, porque usa vídeos, textos, imagens, conteúdos web e de redes sociais; e por fim, as mensagens são mais eficazes, porque automatiza as suas mensagens para uma maior receção.

O diretor comercial revelou que o objetivo da marca é apostar também nas ementas digitais. “A Ementa Digital Multixop é um conceito inovador, cujo objetivo é exercer junto do consumidor influência que facilite a escolha de um ou vários produtos. Esta tecnologia permite divulgar artigos de venda por categorias e em várias línguas diferentes, podendo associar a cada produto uma imagem e descrição”, esclareceu.

O orador acrescentou ainda que “para além da vivência gastronómica, o cliente é envolvido numa verdadeira experiência interativa que o torna o centro das atenções”.

Tiago Santos Pereira, Diretor-Geral do Amoreiras Shopping Center, entrou no debate para falar sobre novos dispositivos que já estão a modificar a forma dos clientes fazerem o pedido dentro dos centros comerciais e considerou que estes só trazem vantagens. Para o orador “toda a tecnologia que seja usada para gerir melhor o atendimento e para melhorar a experiência é sempre algo positivo. Isso vai fazer com que as pessoas se sintam melhor e repitam a experiência”, salientou.

Sobre a plataforma de entregas de comida, o Diretor-Geral defende que “não há nenhuma refeição que um Uber Eats possa levar que tenha mais qualidade do que uma refeição tomada no local onde é produzido”. No entanto, vê nestas plataformas uma oportunidade uma vez que, “permite aos clientes que por qualquer razão já não iam ao centro comercial, consumirem na mesma os produtos de lá”.

No final, Tiago Pereira e Paulo Antunes concordaram que a tecnologia pode tornar o atendimento mais eficiente, mas serão sempre as pessoas as principais responsáveis por melhorar a experiência do cliente.

Fonte: IMR – Instituto de Marketing Research

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