Como os Millennials e a Geração Z consomem fora de casa?

Como os Millennials e a Geração Z consomem fora de casa?

Mais exigentes, racionais e tecnológicos, os Millennials e a Geração Z valorizam mais a experiência, diversidade e a qualidade dos alimentos.

De que forma pode o setor da alimentação, corresponder às aceleradas expectativas destas duas gerações que, dentro de uma década, vão representar mais de metade do consumo mundial?

Estes jovens caracterizam-se por serem mais abertos, liberais, curiosos e tolerantes, com propensão a novas experiências. São otimistas e confiantes no futuro. Acreditam num mundo melhor, mais igualitário e com menos conflitos, no êxito do seu país e numa carreira profissional com bons reflexos financeiros. Estão sempre conectados e a aceder a múltiplas plataformas de informação, principalmente às redes sociais, e têm acesso a rankings, avaliações, feedback de amigos sobre produtos e serviços a serem consumidos.

Podemos afirmar que vieram revolucionar as empresas e as tendências de consumo. E em relação ao setor food service, como se comportam?

No FoodBiz 2019, Pedro Dionísio, professor do ISCTE, fez a apresentação de um estudo, realizado recentemente pelo IMR, sobre os “comportamentos e expectativas dos Millennials e Geração Z face ao consumo fora de casa”. Esta investigação baseou-se nas preferências dos jovens portugueses nascidos depois da década de 80 e nos que nasceram entre 1995 e 2012.

 

foodbiz estudo de mercado millennials

O orador começou por caracterizar estes novos consumidores como hipertecnológicos e hiperconectados.

 

Mais de 50%  destes jovens têm apps de reserva ou de restaurantes instalados, sendo que as mais usadas na última semana foram: a Mlovers, Telepizza e Uber Eats.

As redes sociais exercem uma forte influência nestas gerações, sendo que quase 50% são seguidores de um ou mais restaurantes e de personalidades que promovam estilo de vida mais saudável.

Adeptos do consumo fora de casa, nomeadamente à hora do almoço e aos fins-de-semana, mais de 80% têm tendência para diversificar de restaurante, porque procuram uma variação da ementa e uma variação do espaço físico. Fatores que estão relacionados com a valorização da experiência, velocidade e da gratificação instantânea: estas gerações querem acesso a produtos e serviços de forma rápida, fácil e conveniente.

Relativamente ao consumo em casa com compra fora, quase 80% vão buscar ao restaurante e apenas 23% recebem em casa. Facto que está relacionado com a conveniência e com a disponibilidade do serviço de entrega em alguns restaurantes.

A escolha das marcas é influenciada pelo propósito e pelo preço mais barato e os motivos que levam estes jovens a escolher determinados restaurantes em detrimento de outros estão relacionados essencialmente com a relação qualidade / quantidade / preço e com limpeza e higiene do local.

A saúde e o bem-estar são as razões que mais influenciam os hábitos alimentares destas duas gerações e ambos estão de acordo com a subida das taxas em produtos com excesso de sal, açúcar e refrigerantes. Dados que são o reflexo das preferências destes jovens, mais atentos à composição dos alimentos e que, por isso, terá um impacto cada vez maior na indústria do consumo e nos padrões alimentares, obrigando as marcas a adequar os seus produtos a este estilo de vida.

Os Millennials e a Geração Z têm uma perceção diferenciada face aos seus comportamentos atuais, os primeiros consideram que têm uma alimentação mais saudável do que o estilo de vida. Em contrapartida, os últimos consideram que o seu estilo de vida é mais saudável do que os hábitos alimentares, o que pode estar relacionado com a falta de tempo, tendo em conta que a maioria dos Millennials já se encontra a trabalhar.

Confrontados com as razões que os motivam a experimentar um novo conceito, ambas enumeraram o preço e um novo prato como principais fatores decisivos. Sendo que a Geração Z destacou também o entretenimento como agente importante na tomada de decisão, ao contrário dos Millennials, que demonstraram privilegiar um atendimento mais simpático. 

A maioria destes jovens frequenta preferencialmente os restaurantes de rua e, em segundo lugar, os centros comerciais. No entanto, consideram que estes últimos não têm uma oferta ajustada a todos os momentos de consumo.

O estudo refere que estas gerações desejariam ter nos centros comerciais ofertas mais económicas, com mais variedade e qualidade, sendo que o único parâmetro real que se aproxima do desejável é a rapidez. Dentro deste conceito, também ambos mostram-se mais recetivos a espaços de comida baseados em tecnologia e ao ar livre, com preferência pelos serviços self-service, com o preço mais baixo. Contudo, os Millennials preferem restaurantes mais tradicionais, enquanto os da Z dão preferência ao conceito de fast food.

As duas gerações consideram que o atendimento é importante em todo o tipo de estabelecimentos, nomeadamente através da simpatia e competência, mas em relação às marcas mais consumidas, podemos observar que nenhuma se destaca por este critério.

 

O orador começou por caracterizar estes novos consumidores como hipertecnológicos e hiperconectados.

Posto isto, estas duas gerações pensam três vezes antes de consumir, ou, pelo menos, têm autoconsciência disso e admitem que consultam e são influenciados por outros na hora de comprar.

Para Pedro Dionísio, o setor de food service em Portugal “tem de estar preparado, recorrendo à recolha de informação e ao apoio de especialistas, para conseguir acompanhar estas rápidas mudanças. Quem tem um modelo de negócio que não acompanha as alterações fica para trás e perde competitividade, porque estão sempre a aparecer novos conceitos, novas formas de comercialização e esta componente digital está a influenciar claramente em tudo, seja na compra fora de casa, através da pesquisa de informação ou da partilha de informação, seja através das entregas ao domicílio”, salientou o orador.

Também considerou que o FoodBiz 2019 “pode ajudar a despertar as empresas para as alterações”, mas advertiu “que atualmente não chega estar informado e que é preciso uma reflexão, um apoio e metodologia para inovar nestes domínios”.

Fonte: IMR – Instituto de Marketing Research

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