Que influência têm as redes sociais no consumo alimentar?

Que influência têm as redes sociais no consumo alimentar?

As redes sociais são um “ponto de encontro” importante para as marcas, que, de forma rápida, envolvente e dinâmica podem interagir com os seus consumidores.

O comportamento do consumidor nas redes sociais é o reflexo de uma série de mudanças causadas pelo avanço da tecnologia e da transformação digital nas empresas. O maior acesso à internet e a proliferação de smartphones são os principais responsáveis por essa reconfiguração de comportamentos.

Atualmente, as pessoas estão cada vez mais conectadas e as redes sociais tornaram-se um espaço para discussões e partilha de experiências, tanto positivas quanto negativas. Quando transferimos essa realidade para o mundo corporativo, percebemos que as redes sociais exercem impacto na relação entre os consumidores e as marcas. Essas plataformas representam uma fonte de informação sobre determinado produto ou serviço, e mais, sobre quais são os valores das empresas, aquilo em que acreditam e defendem em relação a causas sociais e à sustentabilidade do planeta.

As empresas, por sua vez, enfrentam o desafio de se adaptarem a essa nova dinâmica de consumo e aproximarem-se do seu público-alvo. Criar um perfil corporativo e participar efetivamente das discussões no ambiente digital passou a ser obrigatório para as marcas que querem garantir presença e competitividade no mercado.

Considerar o que o público pensa a respeito dos produtos e serviços que a empresa oferece passa a ser fundamental para o sucesso comercial, tendo em vista que mais de 80% dos consumidores assumem ler os comentários de outros seguidores antes de adquirir determinado produto ou serviço pela primeira vez.

Posto isto, as redes sociais representam uma oportunidade e ao mesmo tempo um desafio para as marcas interagirem, aproximarem-se e conhecerem melhor o seu público-alvo. Com os consumidores cada vez mais conectados e atentos, as redes sociais acabam por ser uma maneira de manter um diálogo aberto com eles. Ou seja, o comportamento do consumidor nesses meios está fortemente pautado na interatividade e no engajamento com outros consumidores e com as marcas de interesse.

Hoje em dia, os consumidores sentem-se mais à vontade para fazer reclamações ou elogios a determinada marca, e é aí que está a importância de ficar alerta e monitorar as suas redes sociais: uma simples publicação pode melhorar ou prejudicar a imagem da empresa significativamente.

O engajamento dos consumidores em comunidades virtuais permite a troca de informações sobre produtos e serviços, e o facto de ter recomendações positivas é muito importante, como confirmam os últimos dados.

Antes de efetuar uma compra na loja física, mais de metade dos inquiridos admitiram utilizar o smartphone para ler comentários sobre aquilo que desejam adquirir. E mesmo dotado dessas opiniões, o consumidor não está satisfeito e ainda quer encontrar o menor preço.

A maioria dos utilizadores millennials já recorreram ao smartphone com o intuito de comparar preços, dentro da própria loja. Ou seja, o consumidor tem hoje mais autonomia para escolher o que consumir, o que representa também ter mais poder, pois pode confrontar o vendedor através de preços e outros atributos oferecidos pela concorrência.

Concluindo, o avanço tecnológico deu mais poder aos consumidores que, com as redes sociais, têm uma voz mais ativa para dizerem o que gostam e o que não gostam. Dessa forma, segue-se a adaptação das marcas, que compreendem e se adaptam a essa nova dinâmica nas relações de consumo.

Fotografar e depois comer…

Milhares de pessoas publicam centenas de fotos de comida por dia nas redes sociais e a maioria indica uma rotina de alimentação saudável com orientações e dicas alimentares. Este meio tornou-se numa ferramenta poderosa e a indústria alimentar está ciente da sua influência na transformação de comportamentos de compra e consumo.

Plataformas como o Facebook e Instagram tornaram-se rapidamente numa ferramenta de marketing de ponta para a indústria de alimentos, bem como muitas outras empresas. O que ninguém imaginava é que estas aplicações teriam tanta influência na “vida real” das pessoas.

A sua popularidade é palco para a exposição de produtos e serviços dos mais variados setores que encontram no seu potencial de divulgação para gerar frutos tangíveis, como o aumento no número de compradores ou clientes e na fama daquele negócio. Entre muitas áreas possíveis de exposição no Instagram e no Facebook, a da alimentação é uma das que mais ganhou destaque e o tirar fotografias à comida para partilhar com os amigos tornou-se numa moda que dominou estas plataformas.

O peso das redes sociais, nomeadamente o Instagram, tornou-se enorme para os restaurantes e outros estabelecimentos que comercializam alimentos e onde existem designers especializados em criar ambientes e decorá-los pensando especificamente em aparecer na plataforma de fotografias. O ambiente todo traz a iluminação perfeita e a decoração inclui elementos que são realçados nas fotografias da aplicação.

É claro que a parte visual de um restaurante é uma preocupação dos empresários há muito tempo, mesmo antes da internet. A diferença é que, anteriormente, a aparência de um estabelecimento levava em conta a experiência do cliente naquele momento e na “vida real”. Os elementos eram pensados para passar uma sensação complementar ao consumidor além da experiência gastronómica. Agora, a preocupação é com o que vai aparecer nas fotografias, especificamente aquelas que podem ser partilhadas entre milhões de pessoas através das famosas hashtags.

Além da aparência de restaurantes, cafés e outros estabelecimentos dessa natureza, esta tendência levou chefes do mundo inteiro a adaptarem os seus pratos, no intuito de saírem mais bonitos para serem apresentados nas redes sociais. E ainda fez com que empresas alterassem os seus produtos ou que fossem produzidas novas criações comestíveis totalmente focadas nas possíveis partilhas da plataforma. 

consumo alimentar e redes sociais

A pensar na exposição imensa que boas fotos no Instagram podem produzir para o estabelecimento, um restaurante de Londres chamado Dirty Bones chegou a oferecer um kit aos seus clientes para captarem imagens quase profissionais dos seus próprios pratos. Entre os acessórios fornecidos estão lentes wide angle, pau de selfie e iluminação de LED.

Os pratos do restaurante em questão também são pensados no quão fotogénicos podem ser. Cores, texturas, formatos, tudo é levado em conta na hora de criar uma nova refeição no Dirty Bones ou num desses restaurantes que têm o Instagram como alvo.

De acordo com uma declaração do Dirty Bones, a criação desse kit vem de “um reconhecimento do movimento e da importância do Instagram na atual cultura ‘foodie’” e de um desejo de “permitir aos clientes partilharem as melhores qualidades do Dirty Bones sem comprometer o clima e o design”.

Esta tendência não demorou a chegar a Portugal. Atualmente, tudo é pensado ao milímetro para partilhar uma boa foto de comida. Já há promoções que envolvem a partilha de conteúdo com hashtags especiais e estas plataformas tornaram-se numa fonte de pesquisa para quem quer conhecer melhor um estabelecimento antes de marcar mesa.
Isto é só uma prova de que a tendência veio para ficar com as chamadas gerações Millenialls e Z que procuram cada vez mais este tipo de produto e serviço. E significa também que esses jovens adultos estão a abrir os seus próprios negócios que, obviamente, vão refletir a realidade da sua cultura, na qual a partilha de fotos daquilo que comem e do restaurante onde estão faz parte da experiência gastronómica como um todo.

Fonte: IMR – Instituto de Marketing Research

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