16 Ago Retalho unido no combate ao plástico
Os retalhistas têm como objetivo cortar no desperdício de plástico até 2025 e travar a poluição dos oceanos.
Combater a poluição causada pelo plástico nunca foi tão urgente e o setor do retalho está empenhado a acabar com estes resíduos que continuam a acumular-se nos aterros e nos oceanos, colocando em risco a vida selvagem.
No oceano Pacífico há 1,6 milhões de quilómetros quadrados onde flutuam 1,8 biliões de peças de plástico. O que corresponde a 250 pedaços de lixo marinho por habitante. Os sacos de plásticos usados nas nossas compras são um dos 10 produtos de plásticos que compõem metade do lixo marinho.
A solução pode passar pela reciclagem, porém não resolve o problema. Apenas 9% do plástico é reciclado em todo o planeta, com assimetrias regionais bem vincadas: enquanto na Europa se chega aos 30%, os EUA encaixam precisamente na média mundial dos 9%.
Em Portugal, 42% do plástico é reciclado, e com tendência a subir: entre 2011 e 2015 (últimos dados disponíveis), a reciclagem desde material, recolhido pela Sociedade Ponto Verde, cresceu quase 100%, de 74 mil para 145 mil toneladas.
A revista Science Advances publicou um relatório que confirmou que, desde 1950, já se produziu 8,3 mil milhões de toneladas de plástico (um pouco mais de uma tonelada por cada pessoa que vive hoje na Terra).
Por isso, pensar que a reciclagem pode vir a ser a solução para o problema do plástico é ser demasiado otimista, pois a produção e a acumulação vai ser sempre muito maior do que quantidade de plástico tratado.
Apesar de os consumidores portugueses não terem responsabilidade direta do lixo que chega ao mar, seja por questões geográficas, seja porque parte substancial do plástico tem origem na indústria das pescas, há muito mais para fazer do que se faz atualmente.
É preciso uma mudança de paradigma! Começar por substituir o plástico descartável por reutilizável, desde os copos para as festas, aos recipientes para levar comida dos restaurantes.
Essa mudança é urgente, na medida em que há estudos a prever que, daqui a 30 anos, haverá mais plástico do que peixe nos oceanos.
A partir de 2020 é proibido usar sacos de plástico nos supermercados
O Parlamento aprovou em abril deste ano um projeto de lei do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) para proibir a utilização de sacos de plásticos ultraleves e cuvetes de esferovite nos estabelecimentos comercias.
A partir de junho de 2020, a medida vai entrar em vigor em todas as superfícies comerciais de Portugal.
O previsto é que, mercearias e supermercados, ofereçam aos clientes uma alternativa mais sustentável e amiga do ambiente. Porém, tem cabe aos consumidores optarem por utilizar sacos de pano ou embalagens reutilizáveis.
É necessário recordar que esta medida que surge na sequência da proibição da venda de produtos de utilização única, como pratos, copos, talheres, palhinhas e garrafas, que também vai ser imposta no próximo ano.
A partir de 1 de janeiro de 2020, é proibida a venda dos chamados sacos de plástico oxo-degradáveis, apresentados nos últimos anos como sendo mais ecológicos porque são mais finos, mas que os estudos vieram revelar são igualmente poluidores. Já os sacos de plásticos mais espessos vai aumentar o preço. A única exceção serão os sacos que incorporem 70 % de plástico reciclado.
Também está previsto a introdução de uma gratificação com vales de compras na devolução de embalagens. A medida avança como projeto-piloto em diversos supermercados e o seu alargamento a todo o país está previsto para dentro de dois anos.
Hipermercados portugueses mais sustentáveis
No retalho, também há a consciência de que o problema com a utilização do plástico é urgente e é necessário o uso racional desse material.
Nos últimos anos, as cadeias de hipermercados têm implementado várias medidas de combate ao uso do plástico descartável e desperdício alimentar.
O Continente tornou-se no primeiro retalhista português a assinar o pacto internacional do plástico, o New Plastics Economy Global Commitment da Fundação Ellen MacArthur. Os hipermercados da Sonae comprometeram-se a eliminar todas as embalagens plásticas problemáticas ou desnecessárias, torná-las 100% reutilizáveis ou recicláveis, para reduzir as embalagens de uso único até 2025.
O Pingo Doce também lançou uma gama de cotonetes com bastão de papel, à semelhança do que o Continente, a Auchan e o Intermarché já haviam feito.
A Auchan, que recentemente lançou uma campanha de oferta de ecobags nas encomendas online, disponibiliza também palhinhas de papel e artigos de festa (talheres, pratos e copos descartáveis) de madeira certificada de origem sustentável e, a par do Continente, colocou à venda escovas de dentes de bambu.
Alinhado com a preocupação ambiental surgiu o projeto Eco do Pingo Doce, que permite o reenchimento de garrafas de água em mais de 40 lojas. Em 2018, esta iniciativa permitiu evitar a utilização de cerca de quatro toneladas de embalagens de plásticos descartáveis.
Nas políticas de sustentabilidade de algumas grandes cadeias há ainda uma aposta no eco design das embalagens. Com a redução da espessura das garrafas de água de marca própria, o Continente reduz, por ano, 41 toneladas de plástico.
Também são cada vez mais os espaços em Portugal onde as vendas se fazem à moda antiga, a granel.
Em atividade há quatro anos, a mercearia Maria Granel foi a primeira loja em Portugal, e uma das pioneiras na Europa e no mundo, a dispensar as embalagens e a vender exclusivamente a granel. Foram também referenciados internacionalmente como os introdutores do sistema BYOC (‘Bring your own container’) no mercado nacional, possibilitando que os seus clientes levem os seus próprios recipientes para se abastecerem.
Os pilares da missão da Maria Granel estão literalmente inscritos nas suas paredes: consumo responsável e sustentável e redução do desperdício. O compromisso com a sustentabilidade verifica-se também na aposta na produção local, com um crescente número de fornecedores biológicos e certificados.
Podemos concluir que por todo o mundo está declarada a guerra ao plástico. As imagens dramáticas da ilha de plástico no Pacífico Norte confirmam a urgência nas medidas.
A solução passa pela redução da dependência do plástico, reduzindo os de utilização única e alterando os hábitos no sentido de uma economia circular. Caso contrário, se nada for feito, em 2050, haverá mais plásticos do que peixes no mar.
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