23 Jan Como o digital está a revolucionar as entregas ao domicílio
A era digital está a mudar o mercado de entrega de refeições ao domicílio e a culpa é das novas aplicações que trazem mais rapidez, comodidade e variedade.
A dependência dos smartphones não só veio revolucionar o nosso dia a dia, como também o mercado de entregas de refeições ao domicílio. Agora é comum pedir comida de quase qualquer tipo de restaurante, especialmente nas grandes cidades, sem precisar de comer “fast food”, e tudo através de uma aplicação.
A forma tradicional de pedir comida, em que o consumidor contacta diretamente o restaurante para que lhe entregue o pedido em casa, está a ser substituída com o aparecimento das novas plataformas de compra online.
Há um notório desenvolvimento do ecossistema do comércio eletrónico em Portugal e a entrega de refeições ao domicílio aumentou 9% em relação a 2017. Este cenário reflete o impacto crescente dos serviços de entrega em Portugal como a Uber Eats e a Glovo.
De acordo com um estudo realizado, mais de 90% dos portugueses com acesso à internet já fizeram pelo menos uma compra online dentro de uma ampla gama de categorias.
Os portugueses com acesso à internet compraram online especialmente viagens, produtos de moda, bilhetes para eventos, produtos de papelaria e produtos tecnológicos. No entanto, o dinamismo é claro no que diz respeito à compra de refeições para entrega ao domicílio.
Existem duas tipologias distintas de plataformas digitais de entrega ao domicílio: as agregadoras e as novas distribuidoras. As primeiras começaram a aparecer há cerca de 15 anos e oferecem o acesso às ementas dos vários restaurantes, possibilitando a comparação e avaliação pelo cliente. Neste caso, o pedido é feito diretamente ao estabelecimento e a entrega também é da sua responsabilidade. Assim, a plataforma fica com uma pequena comissão paga pelo estabelecimento.
Já, as novas distribuidoras fazem parcerias com os restaurantes e para além de disponibilizarem as ementas, também fazem a entrega das refeições ao domicílio, cobrando uma margem maior pelo seu serviço tanto aos clientes como aos restaurantes.
Apesar dos custos de transporte, estas empresas alcançam uma margem de lucro de cerca de 30%, permitindo o seu crescimento e consolidação no mercado.
As duas plataformas não são concorrentes. As novas distribuidoras ocuparam novos segmentos de mercado e atualmente alargam-se a mais restaurantes e clientes. Prevê-se que no futuro os estabelecimentos abandonem o serviço próprio de entrega ao domicílio e passem a contratar as novas distribuidoras. Estabelecer uma parceria de outsourcing poderá ser mais lucrativo do que manter o próprio serviço.
A base deste mercado é a escolha da comodidade, que assenta em duas tendências dos consumidores: os que preferem comer em casa e os que não querem cozinhar.
O domínio das empresas no mercado depende da fidelização e do tempo de espera. A maioria dos consumidores mantém sempre a mesma plataforma depois de a ter utilizado uma vez e ficar satisfeito. E a rapidez é um fator decisivo para que o cliente se mantenha fidelizado.
Para se destacarem no meio de tantas empresas que têm surgido, é necessário identificar as melhores oportunidades de mercado. Estas plataformas destacam-se essencialmente por resolver um problema simples dos consumidores atuais: a falta de tempo, ao permitir que um pedido seja feito através da internet ou do telemóvel.
Outro fator crucial que faz com que as empresas expandam o número de clientes e melhorem a retenção dos clientes atuais é a qualidade da comida.
A tendência é entregar produtos frescos, como frutas, legumes e até refeições naturais e para isso é preciso ter uma preocupação ainda maior com a entrega. Primar pela qualidade no transporte pode ser utilizado a favor das empresas com o aumento do custo do produto ou o valor da entrega. Pela comodidade de receber em casa, é comum que os consumidores aceitem preços maiores ou então paguem pela entrega além do valor do produto.
Conheça aplicações que existem em Portugal
No mercado português já existem algumas aplicações de entrega ao domicílio e cada uma tenta destacar-se à sua maneira.
A Uber Eats valoriza-se pela fama da casa-mãe e na massificação da oferta- em cinco meses, passou de uma base de 90 restaurantes para 350.
A NoMenu distingue-se por ser uma empresa nacional e da humanização do serviço. Tanto para pedir uma encomenda como para reclamar, é possível ligar para um número de telefone.
A SendEAT, também portuguesa, é mais forte no Porto, onde nasceu, e cobra comissões mais baixas do que a concorrência, de modo a conseguir angariar restaurantes menos predispostos a pagar por este tipo de serviços.
A espanhola Glovo, além de investir amplamente em publicidade, tem uma gama de serviços que vai para além da comida: faz entregas de medicamentos, produtos de supermercado, recados, etc.
Em dezembro, a Takeaway também anunciou a sua chegada à cidade de Lisboa. A empresa diferencia-se pela entrega refeições em bicicletas elétricas em várias cidades europeias e quer estender essa tendência a Portugal, inicialmente no centro Lisboa, onde conta já com algumas parcerias.
Estes serviços já representam uma fatia considerável do movimento de alguns restaurantes, ainda que as receitas não sejam idênticas às de um cliente que comer no local, devido às comissões pagas às empresas de entregas.
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